30 de set. de 2008

ouvindo jards macalé. que me lembrou do luiz melodia e da calcanhotto _por causa do show que assisti ontem, em homenagem a waly salomão. pura tropicália. o macalé é uma figura simpática e carismática, desencanado, de camisa de super homem e all star vermelho.
reouvindo também marisa monte (o disco de sambas último, bem audível). e devendra. e bethânia. e o novo do oasis (às vezes parece 'the kills'. eles resolveram imitar gente mais nova depois de mais velhos?). e o do marcelo camelo. e revendo 'coração satânico' (o casal principal é impagável. a laura dern não pára de se contorcer um minuto, tipo: vou dar pra vc agora! hahahaha. muito bom. e a mãe dela, incrível, louca, pinta a cara com batom, descontrolada. lynch fodão). e, putz, relendo o 'primeiras estórias', do guimarães rosa, que eu li na escola, há mais de 10 anos. de muitos eu lembrava. tem uns contos fortes, ficam voltando à mente em momentos inesperados, sombrios, sábios, aí varia. e... e gilberto gil, e até badi assad. até ao show do aznavour eu fui, meio em segredo, meio correndo. porque nem eu sabia o que ia achar. ainda não sei muito... e isso é sinal de que, na verdade, não agradou. mas tem aquela coisa, 'na idade dele a voz é incrível' e tal. é vero.
o setlist nunca esteve tão 'acústico'...


um amigo chama a calcanhotto de calcanhar-canhoto
hahahaha
outro, que leio por aí num blog, fala gafanhoto.
e, de fato, acho ela o bicho. prefiro à marisa monte.
Vai com as cifras mesmo. Essa música é forte. É demais. É foda e é daquelas antigas. É. A gente que nasceu nos anos 80 (a gente, entende?) não pegou a fase foda da mpb que foram os anos 70, quando praticamente todo mundo que é chato hoje fez coisas muito legais. E quem é legal ainda hoje (e, também, que 'orna' com meu gosto pessoal, é claro) também fez coisas legais; mais legais que hoje, quase sempre.
Lugares-comuns à parte...
Essa música, com Bethania (em 'Rosa dos Ventos', acho. É q baixei umas faixas aleatórias...), tem essa canção:

'Molambo'
(Jayme Florence e Augusto Mesquita)

Dm Fm G7
Eu sei que vocês vão dizer
C7M Dm Em A7
Que é tudo mentira, que não pode ser
Dm D7 G7
Porque depois de tudo que ela me fez
Gm7 A7
Eu jamais deveria aceitá-la outra vez
Dm E7
Bem sei que assim procedendo
Am B7
Me exponho ao desprezo de todos vocês
E Db7 Gbm B7
Lamento, mas fiquem sabendo
E G7
Que ela voltou e comigo ficou
Dm Fm G7
Ficou pra matar a saudade
C7M Dm Em A7
A tremenda saudade que não me deixou
Dm D7 G7
Que não me deu sossêgo um momento sequer
Gm7 A7
Desde o dia em que ela me abandonou
Dm Fm
Ficou pra impedir que a loucura
Em A7
Fizesse de mim um molambo qualquer
Dm G7
Ficou desta vez para sempre
C
Se Deus quiser

9 de set. de 2008

Eu vi o menino correndo
Eu vi o tempo
Brincando ao redor do caminho daquele menino
Eu pus os meus pés no riacho
E acho que nunca os tirei
O sol ainda brilha na estrada e eu nunca passei

Eu vi a mulher preparando outra pessoa
O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou
O sol que atravessa essa estrada que nunca passou

('Força Estranha', C.V.)


essas duas primeiras estrofes da músicas são lindas. 'Essa música é linda'. E quando a gente fala essa frase ou que algo 'é lindo' puxando um sotaque baianês, fica difícil não imaginar o Caetano dizendo que algo é lindo, ou uma imagem clichê - existe? - dele falando que uma coisa 'é linda'. 'Ou não.'
te dou um dado: essa música ele fez pro Roberto Carlos. o refrão, apesar de Caetano, é bem Roberto Carlos (aquele assim: por isso uma força me leva a cantar/por isso essa força estranha/por isso é que eu canto, não posso parar/por isso essa voz tamanha). Voz tamanha é bem Caetano elogiando RC, né. heh
mas enfim. só pra finalizar: é o maior dos clichês imitar o Caetano. pq não deixa tb de ser imitar um baiano qualquer (o estereótipo de um sotaque). enfim. ok, na verdade eu acabo de entregar que eu imito o Caetano. daquele jeito gay e baiano. hahahaha. e no fim das frases, dizendo: 'ou não'. Ou não!

mas não dá pra negar: a letra é linda.
por mais ateu que ele diga ser, ele é bem metafisicamente ligado nas coisas e na força estranha. e ele um dia também disse algo assim: Eu não acredito em Deus, mas o Gil acredita. E eu acredito no Gil.

6 de set. de 2008

"ela é rica, barata e para ricos. merda rica para ricos, assim como seu gnomo". foi algo assim que eu li debaixo de um dos vídeos da carla bruni no youtube, comentário de um telespectador-leitor francês revoltado. revoltado? talvez, talvez só de saco cheio, eleitor da segolene royal.
aí, eu, como sempre, influenciável que sou pelas opiniões alheias fortes, fiquei meio me questionando: e eu baixando o disco novo da c. bruni, e gostando, e ouvindo o primeiro dela, e gostando... que carneirinho do sistema! que pequeno burguês!
ha

mas aí a música continuou e apagou os espectros negativos daquele comentário tão verdadeiro, feito pelo francês. tão verdadeiro, mas tão falso. saca? injusto.

la bruni não me importa muito enquanto primeira dama. niente.

tampouco me importa muito a imagem escultural da ex-modelo, ou a maneira um pouco fake, um pouco fingimento com que ela toca - ou segura - o violão, nos vídeos do youtube ou nas fotos tão lindas - e por isso artificiais - das capas dos discos.

a voz rouca, o francês sussurrado, os violões, os bons arranjos - há sempre um grande homem por trás? - o clima folk xic propositalmente despojado, os bons músicos, os bons refrões, a melancolia, a sensualidade... carla bruni não se segura como música por ser linda. ou ex-top model. ou ex-mick jagger. ou sra. sarkozy.

she's clever. até demais (e, talvez e por isso, se queime já já). mas ela instiga.
e a música... vai ouvir, vai, antes de xingar a moça nem tão moça. 'l'excessive', 'tu es ma came', 'raphael', 'ta tienne', tem várias joiazinhas cheias de violões nostálgicos, uma gaita aqui, uma flauta ali... bem naquele clima neohippie que eu to vivendo, sacumé?

carla bruni, 'quelqu'un m'a dit', carla bruni, 2005, e 'comme si ne rien d'était', 2008

4 de set. de 2008

acho que minha identificação com as músicas calmas e sossegadas e acústicas e roots do devendra, nesses tempos de 'novo folk' ('freak folk' é ainda mais ridículo... tem gente achando que folk music _banquinho e violão_ é novidade!), acontece porque eu gosto de músicas que me dêem paz.
pra dançar eu saio de casa.
at home, lá na minha sala de chão de tacos bicolores, eu gosto é quando o som cria uma atmosfera quase 'táctil', levemente densa e envolvente. claro que muitas vezes eu fico 'sentindo' e viajando nessa tal atmosfera sozinho, stoned, 'tripping' mesmo. e imaginando outras pessoas ouvindo e sentindo aquilo. coisa de quem mora sozinho (entre otras cosas).

mudando de rota
um dos muito bons discos de 2008, pra mim, já é o 'na confraria das sedutoras', do projeto 3 na Massa.
tenho ouvido pacientemente já há alguns meses, desde que baixei. não fui ao show, e já me disseram que ao vivo é decepcionante. tanto melhor _ou pior. ouvindo só o disco eu estou bastante satisfeito, as bases _quando_ eletrônicas são ótimas (vide a música cantada pela nina becker, 'o objeto', acho que é isso. tenda-chill-out-de rave pura). ou a cantada pela thalma, graciosa, boa pra dançar, sedutora comme il faut. a da geanine marques também é formidável, climática, parece mesmo música antiga ;-)
é um álbum incrível, brasileiro, feito por brasileiro, com mulheres interessantíssimas e sensuais. uma confraria boa (não sou muito chegado em confrarias, em geral).

go for it
porque o que eu mais gosto de fazer é dar dica (e pagar de dj abusado, daqueles que ninguém convidou).


os cravos que eu ganhei da mari no dia 30. momento quase 'mulherzinha', eu sei. mas válido, todavia, doravante! 27 years old
há uns dois anos e pouco eu morava na brigadeiro luis antonio e tinha um computador de casco verde, meio transparente, como que uma imitação de um imac, da apple.
e foi uma época _o ano de 2006_ em que eu baixei muitas músicas, e alguns discos viraram os preferidos, os mais tocados, durante várias semanas _meses?_ seguidas(os).
um deles foi o da chiara mastroianni com o então marido, benjamin biolay. esse fica pra mais tarde.
outro foi o 'cripple crow', do devendra bahrart.
foi qdo eu descobri esse hippie californiano venezuelano tatuado barbudo.
no começo a maneira _estranha_ d'ele cantar me lembrava um amigo, com quem eu cantava (e ele tocava) muito lá em avaré, nas férias daqueles primeiros descompromissados anos de faculdade.
'tosco' _na medida_, relaxado, divertido, estranho, bonito (muitas vezes bonito). aí eu comecei a gostar do devendra.
não consegui ve-lo no brasil, nunca vi um show do cara. depois ouvi tb o disco mais recente, mais rock, mais épico, às vezes. menos folk-hippie. gostei também (tem o amarante dos loshermanos em algumas faixas).
o devendra é bacana. é um artista tipicamente contemporaneo, se é q da pra dizer algo vago assim. faz música que ME agrada, e isso já não é o bastante?
'korean dogwood', 'when they come', 'now that I know' (a primeira)... são músicas ótimas, lindas! melodias incríveis, 'climas' idem. uau, quantas aspas.
mas devendra não é pras aspas, pras reverências. é pra ouvir relaxando, depois de um dia de certa tensão. como hoje, pra mim. dia de fechamento.
e, em 2008, morando em outro lugar, em outro apartamento, na barão de limeira, pis/pasep e tudo mais, eu volto a baixar o 'cripple crow' (o original ficou no outro computador, o verde, o antigo).
e me emociono.
aquela sensação de ouvir devendra relaxado, relaxando, se repete. um clima luau, violão, praia. calor. é reconfortante.
e música boa é assim.
ainda mais quando 'bate' (olha as aspas _simples_ de novo).

'cripple crow', devendra banhart (2005)

3 de set. de 2008

a rapariga me passou o endereço pra baixar as 8 primeiras - acho q é essa a ordem - músicas do disco novo do marcelo camelo, 'sou' (na capa aparece a palavra 'nós' de cabeça pra baixo, o que forma sou, bem simples, mas dúbio, bem legal).
tava conversando com um amigo pra quem mandei as músicas, logo depois de ouvir pela primeira vez (é uma seqüência de 28 minutos, pra ouvir numa tacada só). ele, a princípio, não achou nada demais. e ele, como eu, era - é - apreciador constante de los hermanos. eu ouvi outras vezes.
e sim, é bem los hermanos. mas o camelo era a 'cara' dos LH. mais q o amarante. e, ao mesmo tempo, os dois são ótimos músicos, têm canções pop mpb rock quase indie e buarquianas que eu adoro.
o camelo gravou este 'sou' com os caras do hurtmold. o que também já é super interessante desde o princípio. e as músicas, essas oito q ouvi, tão mais 'calmas', digamos, em relação aos LH. mais tranqüilas. mais peaceful. um clima ótimo. uns puta arranjos de violão e guitarra, delícia.

uia.

mas ainda to ouvindo. pode melhorar. deve... ou ficar na mesma. o que já é ótimo.
como diz esse mesmo amigo: gostei 78% porcento. já.

quero assistir ao vivo, tb.
apesar de gostar muito dos LH - como já disse, bem sei -, eu tava achando mesmo a banda meio... sei lá... modorrenta nesse último disco, '4'. que tem músicas muito boas, mas tinha também um clima de que a banda não tava totalmente integrada. entendida. compreendendo-se. algo assim.

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vai saber? (perguntinha que deu nome à canção da calcanhotto gravada pela marisa monte no disco 'universo ao meu redor'. a adriana tem tocado na turnê atual, e num andamento mais rápido, mais sambinha mesmo, como pode ser, já que a música foi feita pra mart'nália _e 'roubada' pela marisa monte, garantiu a adriana. no show. heh)