25 de jan. de 2009

(na Riviera Francesa)

Depois do almoço, sentiram-se deprimidas pela súbita sensação de monotonia que se abate sobre viajantes americanos, em calmos lugares estrangeiros. Nada há a estimulá-los, nenhuma voz os chama, nenhum fragmento de suas próprias ideias parte de repente de outra pessoa, e, sentindo falta do clamor do Empire, eles sentem que a vida não está ali continuando.
- Vamos ficar apenas três dias, mamãe - disse Rosemary, quando voltaram para o quarto. Lá fora, leve brisa espalhava o calor, fazendo-o insinuar-se por entre as árvores e penetrar em quentes golfadas pelas venezianas.

("Suave É a Noite", F. Scott Fitzgerald, 1933)

20 de jan. de 2009

Andar de bike pelo centro de Sampa aos domingos e, como hoje, numa segunda-feira à noite, é uma nova experiência formidable.
Ontem saí daqui, passei pelo largo do Arouche, dali pra República, dali pro Copan, praça Roosevelt, desci pra praça da biblioteca Municipal, fui pro Teatro Municipal, viaduto do Chá, praça do Patriarca, edifício do Banespa, CCBB, Girondino, São Bento, praça da Sé, voltei pro Anhangabaú, peguei a São João, depois Minhocão (por cima, já que fica fechado pra carros aos domingos) e fui até Perdizes.
Voltei por Higienópolis, baixa Santa Cecília, Vila Buarque e logo estava na praça d. José Gaspar de novo. Tudo isso em menos de duas horas, pedalando tranquilamente (sem desistir das ladeiras) e vendo todos os prédios incríveis espalhados por essa cidade x-tudo, cheia de tudo, do bom e do ruim.
Bicicleta em academias é para amadores.
avenida paulista à noite. eu e uma amiga dentro de um táxi. tudo parado. não é um acinte pegar trânsito na paulista depois das 22h, durante a semana?
eis que chegam uns ciclistas, daqueles que andam em fila (as tais 'bicicletadas'). passando sinuosamente entre os carros parados, aquele calor de verão, e gritando:

- Mais adrenalina, menos gasolina! Mais adrenalina, menos gasolina!

adorei. descemos do táxi e caminhamos a próxima quadra que faltava.

19 de jan. de 2009

oni


olha que cara estranha e boa a estelle tem. há um quê de nina simone aí.

a música onipresente, herança de 2008, que toca em todas as pistas há alguns meses, da torre ao neu, passando pelo vegas e pelas festinhas de amigos:

'american boy', estelle e kanye west
que 'umbrella' que nada!!! rihanna é chata e cafona. estranha por estranha, a estelle, ao menos, tem a voz _e a cara_ boa.
isso me faz lembrar aquela coisa da 'música do verão', que os americans e europeans adoram. em 2003 me lembro que foi 'hey ya', do outkast (que realmente é ótima). em 2006 foi 'crazy', do gnarls barkley (também é bem boa). 'clint eastwood', dos gorillaz, deve ter figurado em algum ano. quais mais?

pro ano novo

prometo não assistir, ao menos intencionalmente, a qualquer episódio desta atual versão do Big Brother Brasil. pra evitar aborrecimentos.

16 de jan. de 2009

o lavar louças é um momento único de auto-análise e necessária solidão.


deve ter alguma relação literal e direta com a água que lava e limpa. porque é clareador, clarificador, iluminador das idéias! para o bem ou...

o som ajuda: colocando algo mais esquisito, viajante e que demande atenção, como, sei lá, animal collective (como foi o caso) ou tv on the radio (toca agora), faz com que a princípio prestemos atenção no som e depois, imperceptivelmente da elevação, passemos a viajar junto com ele (o som).

nó! e eu não deixo de estar viajando.

vou voltar lá terminar a louça.

12 de jan. de 2009



"Rules", disco "a ouvir" neste começo de 2009. além da capa simpática e tããão pertinente aos paulistanos-adoradores-de-filas, o whitest boy alive mostra que o pop sueco continua tão bom quanto na época do ABBA. "pop minimalista", como li por aí. e totalmente orgânico, banda mesmo. ouçamos.

5 de jan. de 2009

doismilenove também me viu ultrapassando a linha de chegada com um bronzeado em forma de camiseta regata. hey ya!

ah, claro: não posso me esquecer de que presenciei _e que meus olhos se encheram de lágrimas_ uma fantástica roda-de-samba informal e entre amigos, gente tocando _muito_ 'apenas' porque gosta de tocar: cavaquinho, violão, pandeiro, cuíca, tamborim, clarinete, tudo junto e trançado, no quintal da casa do amigo da minha amiga, lá em Niterói. emocionante. samba é samba, quem sabe sentir sabe bem como toca.

e ainda teve a lapa, a cinelândia e santa teresa... o parque das ruínas, a virada no forte de copacabana, o bar bofetada na farme, tudo e tanto e tudo, e tal...
valieu!

pro ano que começou: mais paz no coração, menos stress. ouvir mais (ainda) e contar sempre até dez. ou até passar.
e menos apego aos lixos. aos momentos idéiafix do mal. aos momentos 'tô down'. às amebas etc. if you know what I mean... ié ié. já volto...

sambárilóv

2009 chegou bem e calmo, sem arrebentações, suave e embalado por vários tipos de sapos coachando.
num morro verde em niterói, dentro e ao redor de uma casa construída sobre uma pedra, o dia primeiro de janeiro foi apreciado sob um sol ofuscante e uma piscina simpática, de água gingada e verdeazul. na companhia dos velhos amigos e dos novos amigos: chatô, o labrador; dircinha, a vira-lata; V., a maravilhosa dona da casa e Zé, seu marido, que de lá de baixo nos trazia uvas, cerejas e cervejas Heinecken (como Vera gosta) geladinhas.
o cardápio, segundo Vera, era 'uma comida malucona, com vários pratos e onde nada combina com nada': moqueca de siri, lentilhas (pra brindar o novo ano), arroz, salada, postas de pernil com molho de curry e damasco, farofa e coisas mais que não me lembro. tudo uma dilíça.
a praia de itacoatiara queimava como um maçarico. alguns dias antes, em ipanema, levei o maior número seguido de socas da minha vida. como um paspalho, mas feliz e nem aí. saindo do mar, com areia dentro da cueca e nos cabelos, D. define: como vc é soltinho! hah
na sexta-feira, o selvagem e brincalhão Chatô apareceu com um mini-coelho na boca. Até ontem, quando vim-me embora, Vera cuidava do coelhinho narizinho como uma mãe, tentando faze-lo comer desde ração e rúcula colhida na horta até leitinho no conta-gotas. Acho que o pequeno sobreviverá.
Enfim.
2009 me viu voltar à selva de pedra mais leve e, o mais interessante, sem saber bem por quê. Mais silencioso, calmo, flutuante. Mais nem aí. Mais naquele clima, de tudo o que descrevi ali em cima.
Parece que o ano nem passou, na verdade. Parece que continuamos ali, iguais mas diferentes. 2009 vai ser bom, creio eu. Reflexo e consequência dessas 'entradas' tão tranquilas, sem turbulência, quando até meu vôo surpreendeu com calmaria e chegou ao RJ 10 minutos antes. Pode? Pódi.
2009 me vê _o vejo_ entrando neste blog depois de semanas e semanas de não-vontade. Mas eu precisava compartilhar: as boas experiências são sempre transbordantes, têm de ser repartidas, mostradas. I love Rio.

E a vista que se tem de dentro do MAC de Niterói é das mais apalancantes do Brasa. Vai lá, um museu onde o que menos importa são as (fracas) exposições: os 360º de vista deslumbrante são tudo o que ele precisa e precisará ter para atrair visitantes.

Um ótimo ano a todos. Ixcrusivis eu, é claro.
volto djá...