16 de out. de 2008

quando pequeno _hoje menos_ eu adorava sentar no banco da frente nas viagens às cidades "grandes" _ou, ao menos, maiores do que a cidade de onde eu vinha.
poder ver, do amplo vidro frontal do carro, as grandes construções e praças e vias e, em especial, o topo de todos os prédios, era algo bom: proporcionava uma sensação de absorção total de tudo aquilo que os meus olhos viam. uma sensação de sensação. da janela aberta eu esticava a cabeça _ainda o faço_ para ver quão alto chegavam aqueles edifícios. ainda o faço. é como olhar do topo de um prédio do lado oposto. uma vertigem ao contrário. que alto!!
imagina só em nova york.
ainda hoje, e ainda que eu more em são paulo, onde os vidros dos carros são cada vez mais negros e cada vez mais cerrados, eu preciso te-los um pouco abertos, um pouquinho só, que seja. em casa também. janelas abertas. um indício de claustrofobia, talvez. mas também um indício de saúde, creio eu. arejar pra pensar. ventilar pra refrescar. pra não mofar. pra não cozinhar. afinal, somos tropicais.
janelas abertas nº 2: preciso de ar. preciso de campo de visão. luz. ver até onde vai a altura, pra me imaginar pulando _voando. ou, ao contrário, estando lá em cima: pra me imaginar saltando, caindo. vertigens mistas. e pra provar mentalmente que qualquer decisão dos meus atos é mais minha do que de qualquer pensamento, desejo, imagem, loucura. e que os pensamentos vão mais longe, deliram, voam, viajam. e transcendem o possível.
hahahaha
parece papo de suicida em potencial. mas nem é.

"I imagine what my body would sound like
Slamming against those rocks
When it lands
Will my eyes
Be closed or open?"
björk, 'hyperballad'

Um comentário:

Luciano Felipe Rigobelo disse...

caindo pra cima. pro alto. você é mais da liberdade do que eu pensava.
e voa mesmo.
lindo lindo!

hehe