2 de mar. de 2009

os filmes da semana

em 'o casamento de muriel' _filme ácido, crítico, contundente, pontiagudo, cortante, engraçado e triste_, a cena em que as supostas 'amigas' de muriel (as completamente imbecis que nada tinham a ver com ela) dizem que não a querem mais na turma é muito, muito boa.
muriel começa a chorar copiosamente, como uma criança, pedindo pra não ser excluída do grupo. constrange as amigas (e olha que elas eram todas imbecis, repito). pessoas nas mesas ao redor riem. tudo é constrangedor e sad, so sad... nessa hora a gente (eu, ao menos) se apaixona pela Toni Colette, a atriz. Como ela é boa (e vem provando isso até hoje, quando está magra, loira e americanizada). o filme não seria nada sem ela.
'o casamento de muriel' é um grande filme. redondo e eficaz. e eu adoro cinema que não perdoa nada nem ninguém. eu não vejo filmes pra me sentir perdoado. não quero indulgência e nem condescendência!

*****

no road movie em preto e branco 'lua de papel', a fantástica, fofa, linda e esperta Tatum O'Neal, uma garotinha loira de dez anos, acompanha o malandro Mose (interpretado pelo bonitão Ryan O'Neal, pai de Tatum na vida real _adoro falar 'na vida real') numa viagem sem destino certo pelo Kansas, durante a grande depressão dos anos 1930. Ela é uma menina brava e sofrida, que não chora e pouco ri. Enfrenta Mose e o desafia, durante todo o filme. E, esperta que é, começa a ajudá-lo (espontaneamente) a praticar pequenos golpes em senhoras viúvas, caixas de lojas e recepcionistas de hotéis. Ela ganhou o Oscar de coadjuvante por esse filme, nos anos 1970. É a atriz mais jovem até hoje a ter ganho o prêmio.
mas antes d'eu ver o filme, o senhorzinho da locadora me disse que essa atriz cresceu toda problemática e desajustada, em parte graças ao pai, que a levava para a gandaia e até para orgias com outras mulheres... será? seria bizarro.
um filme melancólico e sensível, com ótimos atores e uma fotografia linda, locações solitárias e jazz e blues das antigas.

*****

em 'o casamento de rachel', uma aparente-estranha mistura se dá naquele ambiente: um casamento hindu (sem que ninguém ali seja, de fato, hindu); uma família branca convivendo harmoniosamente com uma família negra (viva obama!?); músicos hippies tocando o tempo todo (e, assim, fazendo 'ao vivo' a trilha sonora do filme, o que é legal _e às vezes irritante); amigos orientais, africanos, viciados, jovens e velhos; cachorros, muita comida, paredes coloridas, bagunça e louça suja, flores e, curiosamente, nenhum gay ou criança. tudo um pouco exagerado, como bem gostam os americanos.
anne hathaway está mesmo bem como kym, a irmã de rachel (a noiva, um pouco chata, com uma amiga muuuuito chata a tiracolo). o filme é bem mais 'pesado' (sério? profundo? isso tudo) do que eu imaginava. os atores estão muito bem (o pai, por exemplo: frágil, amoroso e quase desequilibrado). a mãe, interpretada por uma debra winger cinquentona, é quase altista, ausente, avoada: irrita. mas nem por isso deixei de ficar chocado quando kym dá um tapão na cara dela. hey, mãe é mãe!
observações feitas, não tiro conclusões. até porque o filme acaba como começou: de repente. não tem fim. foi apenas o recorte de um fim de semana (e a vida continua, depois do fim desse recorte de tempo). a vida em família é tão foda pra kym que ela resolve voltar pra rehab, mesmo podendo ficar em casa... foda!

1 de mar. de 2009

Sorte de hoje: A felicidade nada mais é do que boa saúde e memória fraca

hoje, domingo, no chamado Orkut

28 de fev. de 2009

um clipe chique:

http://www.youtube.com/watch?v=CMVUcrTj0ps

"GfC", do stroke albert hammond, jr; dirigido por Laurence Briet e presente no álbum "Como Te Llama?"

ps: alguém me diz como eu coloco a janela do youtube aqui neste singelo blog? grato.

23 de fev. de 2009

and my Oscar goes to
...I love Kate Winslet, I love Meryl Streep, I love Lília Cabral, I love Julianne Moore, I love Shirley MacLaine, I love Sophia Loren, I love Élodie Bouchez, I love Julie Andrews, I love Audrey Hepburn, I love Jane Birkin, Björk, Marieta Severo, Penélope Cruz, Scarlett Johansson, Natalie Portman, Victoria Abril, Uma Thurman, Emma Thompson, Helena Bonhan-Carter, Betty Davis, Tilda Swinton, Cate Blanchett, Vivien Leigh, Deneuve and so many other fantabulous actresses... love.

isso sem falar em Almodóvar, François Ozon, Mastroianni, Truffaut, Godard, Bertolucci, Woody Allen, Domingos Oliveira, Resnais, Fernando Meirelles, Javier Bardem, Marlon Brando, Billy Wilder, Blake Edwards, James Ivory, Eric Rohmer, among many others.
And so a secret kiss
Brings madness with the bliss
And I will think of this
When I'm dead in my grave
Set me adrift and I'm lost over there
And I must be insane
To go skating on your name
And by tracing it twice
I fell through the ice
Of Alice
There's only Alice

(trecho de "Alice", linda e sombria canção de Tom Waits e Kathleen Brennan, do disco "Alice"; também gosto muito dela com a Jane Birkin, no álbum "Fictions")

"and I will think of this when I'm dead in my grave". não é demais? mórbido, claro, mas demais.
um veneninho formidável sobre a Itália (e os italianos)

"- Que houve?
- Estava pensando naquele homem de hoje à tarde. 'Esta mesa foi reservada para a Princesa Orsini'. Sabe o que são essas velhas famílias italianas? Bandidos que se apoderaram dos templos e dos palácios, explorando o povo, após a decadência de Roma.
- Gosto de Roma - insistiu Collis. - Por que é que você não vai às corridas?
- Não gosto de corridas.
- Mas todas as mulheres... vão.
- A questão é que não gosto de nada, aqui. Gosto da França, onde todo mundo se julga um Napoleão; aqui todos se julgam um Cristo."

("Suave É a Noite", F. Scott Fitzgerald, 1933)

17 de fev. de 2009

macumba music

Tomara que você me entenda
Ou eu faço oferenda
Pro meu orixá

Já é hora de parar com isso
Ou eu jogo um feitiço pra te apaixonar

Eu escrevo teu nome menina
E despacho na esquina
Se o santo mandar
Ta na hora de parar com isso
Ou eu faço feitiço pra te apaixonar

Eu boto um litro de cachaça
Farofa de mel e dendê
Na rua onde você passa
Feitiço pra amarrar você

"Boto Meu Povo na Rua" (Arlindo Cruz)

cantada pela incrível Mart'nália no disco "Menino do Rio" (2006), produzido por ninguém menos que Maria Bethânia (e o anterior da Mart já tinha sido produzido pelo Caê).

because I like good samba. because I like Mart'nália (já fui ao show 2x, até)

25 de jan. de 2009

(na Riviera Francesa)

Depois do almoço, sentiram-se deprimidas pela súbita sensação de monotonia que se abate sobre viajantes americanos, em calmos lugares estrangeiros. Nada há a estimulá-los, nenhuma voz os chama, nenhum fragmento de suas próprias ideias parte de repente de outra pessoa, e, sentindo falta do clamor do Empire, eles sentem que a vida não está ali continuando.
- Vamos ficar apenas três dias, mamãe - disse Rosemary, quando voltaram para o quarto. Lá fora, leve brisa espalhava o calor, fazendo-o insinuar-se por entre as árvores e penetrar em quentes golfadas pelas venezianas.

("Suave É a Noite", F. Scott Fitzgerald, 1933)

20 de jan. de 2009

Andar de bike pelo centro de Sampa aos domingos e, como hoje, numa segunda-feira à noite, é uma nova experiência formidable.
Ontem saí daqui, passei pelo largo do Arouche, dali pra República, dali pro Copan, praça Roosevelt, desci pra praça da biblioteca Municipal, fui pro Teatro Municipal, viaduto do Chá, praça do Patriarca, edifício do Banespa, CCBB, Girondino, São Bento, praça da Sé, voltei pro Anhangabaú, peguei a São João, depois Minhocão (por cima, já que fica fechado pra carros aos domingos) e fui até Perdizes.
Voltei por Higienópolis, baixa Santa Cecília, Vila Buarque e logo estava na praça d. José Gaspar de novo. Tudo isso em menos de duas horas, pedalando tranquilamente (sem desistir das ladeiras) e vendo todos os prédios incríveis espalhados por essa cidade x-tudo, cheia de tudo, do bom e do ruim.
Bicicleta em academias é para amadores.
avenida paulista à noite. eu e uma amiga dentro de um táxi. tudo parado. não é um acinte pegar trânsito na paulista depois das 22h, durante a semana?
eis que chegam uns ciclistas, daqueles que andam em fila (as tais 'bicicletadas'). passando sinuosamente entre os carros parados, aquele calor de verão, e gritando:

- Mais adrenalina, menos gasolina! Mais adrenalina, menos gasolina!

adorei. descemos do táxi e caminhamos a próxima quadra que faltava.

19 de jan. de 2009

oni


olha que cara estranha e boa a estelle tem. há um quê de nina simone aí.

a música onipresente, herança de 2008, que toca em todas as pistas há alguns meses, da torre ao neu, passando pelo vegas e pelas festinhas de amigos:

'american boy', estelle e kanye west
que 'umbrella' que nada!!! rihanna é chata e cafona. estranha por estranha, a estelle, ao menos, tem a voz _e a cara_ boa.
isso me faz lembrar aquela coisa da 'música do verão', que os americans e europeans adoram. em 2003 me lembro que foi 'hey ya', do outkast (que realmente é ótima). em 2006 foi 'crazy', do gnarls barkley (também é bem boa). 'clint eastwood', dos gorillaz, deve ter figurado em algum ano. quais mais?

pro ano novo

prometo não assistir, ao menos intencionalmente, a qualquer episódio desta atual versão do Big Brother Brasil. pra evitar aborrecimentos.

16 de jan. de 2009

o lavar louças é um momento único de auto-análise e necessária solidão.


deve ter alguma relação literal e direta com a água que lava e limpa. porque é clareador, clarificador, iluminador das idéias! para o bem ou...

o som ajuda: colocando algo mais esquisito, viajante e que demande atenção, como, sei lá, animal collective (como foi o caso) ou tv on the radio (toca agora), faz com que a princípio prestemos atenção no som e depois, imperceptivelmente da elevação, passemos a viajar junto com ele (o som).

nó! e eu não deixo de estar viajando.

vou voltar lá terminar a louça.

12 de jan. de 2009



"Rules", disco "a ouvir" neste começo de 2009. além da capa simpática e tããão pertinente aos paulistanos-adoradores-de-filas, o whitest boy alive mostra que o pop sueco continua tão bom quanto na época do ABBA. "pop minimalista", como li por aí. e totalmente orgânico, banda mesmo. ouçamos.

5 de jan. de 2009

doismilenove também me viu ultrapassando a linha de chegada com um bronzeado em forma de camiseta regata. hey ya!

ah, claro: não posso me esquecer de que presenciei _e que meus olhos se encheram de lágrimas_ uma fantástica roda-de-samba informal e entre amigos, gente tocando _muito_ 'apenas' porque gosta de tocar: cavaquinho, violão, pandeiro, cuíca, tamborim, clarinete, tudo junto e trançado, no quintal da casa do amigo da minha amiga, lá em Niterói. emocionante. samba é samba, quem sabe sentir sabe bem como toca.

e ainda teve a lapa, a cinelândia e santa teresa... o parque das ruínas, a virada no forte de copacabana, o bar bofetada na farme, tudo e tanto e tudo, e tal...
valieu!

pro ano que começou: mais paz no coração, menos stress. ouvir mais (ainda) e contar sempre até dez. ou até passar.
e menos apego aos lixos. aos momentos idéiafix do mal. aos momentos 'tô down'. às amebas etc. if you know what I mean... ié ié. já volto...

sambárilóv

2009 chegou bem e calmo, sem arrebentações, suave e embalado por vários tipos de sapos coachando.
num morro verde em niterói, dentro e ao redor de uma casa construída sobre uma pedra, o dia primeiro de janeiro foi apreciado sob um sol ofuscante e uma piscina simpática, de água gingada e verdeazul. na companhia dos velhos amigos e dos novos amigos: chatô, o labrador; dircinha, a vira-lata; V., a maravilhosa dona da casa e Zé, seu marido, que de lá de baixo nos trazia uvas, cerejas e cervejas Heinecken (como Vera gosta) geladinhas.
o cardápio, segundo Vera, era 'uma comida malucona, com vários pratos e onde nada combina com nada': moqueca de siri, lentilhas (pra brindar o novo ano), arroz, salada, postas de pernil com molho de curry e damasco, farofa e coisas mais que não me lembro. tudo uma dilíça.
a praia de itacoatiara queimava como um maçarico. alguns dias antes, em ipanema, levei o maior número seguido de socas da minha vida. como um paspalho, mas feliz e nem aí. saindo do mar, com areia dentro da cueca e nos cabelos, D. define: como vc é soltinho! hah
na sexta-feira, o selvagem e brincalhão Chatô apareceu com um mini-coelho na boca. Até ontem, quando vim-me embora, Vera cuidava do coelhinho narizinho como uma mãe, tentando faze-lo comer desde ração e rúcula colhida na horta até leitinho no conta-gotas. Acho que o pequeno sobreviverá.
Enfim.
2009 me viu voltar à selva de pedra mais leve e, o mais interessante, sem saber bem por quê. Mais silencioso, calmo, flutuante. Mais nem aí. Mais naquele clima, de tudo o que descrevi ali em cima.
Parece que o ano nem passou, na verdade. Parece que continuamos ali, iguais mas diferentes. 2009 vai ser bom, creio eu. Reflexo e consequência dessas 'entradas' tão tranquilas, sem turbulência, quando até meu vôo surpreendeu com calmaria e chegou ao RJ 10 minutos antes. Pode? Pódi.
2009 me vê _o vejo_ entrando neste blog depois de semanas e semanas de não-vontade. Mas eu precisava compartilhar: as boas experiências são sempre transbordantes, têm de ser repartidas, mostradas. I love Rio.

E a vista que se tem de dentro do MAC de Niterói é das mais apalancantes do Brasa. Vai lá, um museu onde o que menos importa são as (fracas) exposições: os 360º de vista deslumbrante são tudo o que ele precisa e precisará ter para atrair visitantes.

Um ótimo ano a todos. Ixcrusivis eu, é claro.
volto djá...

8 de dez. de 2008

"I'll be back anytime you want. Anytime."

da chiquérrima madeleine peyroux em seu show em sp, na última quinta, para a platéia. achei classe. classe.

3 de dez. de 2008

demorei, nunca pensei...
mas aí, um dia, lembrei. e fui procurar no dicionário:

rigo

ri.go

sm 1 linha, traço. 2 nota, men­sagem.

e, só pra não esquecer: a segunda parte do meu sobrenome é belo. tá? agora junta as duas...

23 de nov. de 2008

final de semana com mallu magalhães e stop play moon. brasileiros _paulistas_ fazendo coisas legais na música, e chegando até aqui em casa, preenchendo ambientes, momentos. trilha sonora.
o disco da mallu me fez pensar coisas novas sobre ela. que de fato é legal, que a voz não é (sempre) infantil demais, que ela é muito nova (?), bobagens. a produção é boa e preenche as músicas, da-lhes corpo. os pianos são bem colocados e melancólicos... é mesmo algo feito por alguém que gosta e foi influenciada pelos estadosunidos, por bob dylan, pelo country, pelo rock de lá _e de cá_ em geral. e ela canta bem, e em inglês. e escreve em inglês. tipo, pr'uma mina de 16 anos, é ok. hahahah. ou ao menos isso.
ela tem estilo. e é 'fofa' _não da maneira marqueteira que tacham (taxam? humm...), mas no sentido bom da fofura. hmmm... ta estranho isso. ok

ja o stop play moon é a banda da geanine marques e é eletrônica, repetitiva, boa de ouvir. electro com vocais cool e hipnóticos, típicos de uma modelo. hahaha. também, no bom sentido da coisa. porque a imagem das modelos bacanas é sempre assim, meio inatingível, meio cool, ou meio hipnotizado. drogado? vá lá.
vi o trio tocar antes do show do vive la fête, na the week. o som tava baixo, mas a apresentação foi gostosa e divertida, dava pra dançar 'pequenininho' e viajar. if u know what i mean. foi bacana.

little joy também toca, de quando em vez em outra. depois de milhares de execuções no começo deste mês de novembro.
é bem bom.
rima com chuva, tb. essas chuvas de pré-verão que temos visto em sp. lavando a rua, que tava tudo meio sujo mesmo. eu gosto.

hj é noite de domingo, 22 de novembro. aquele leve clima estranho de fim de domingo. doido isso, porque é um troço que existe, mesmo! quase palpável: a sensação pastosa de final de domingo. gosto meio amargo, meio cabo de guarda-chuva.
mas às vezes anoitece melhor. estranhamente melhor, como hj.

playlist:

suba, stereolab, little joy, stop play moon, mallu magalhães, wax poetic, charlotte gainsbourg, um pouco de sharon jones, madeleine peyroux (pouco), beatles, air, os de sempre.

segunda-feira é bom começar tudo de boa pra trazer uma boa semana. atração.
auto-ajuda é um termo estigmatizado, em si já ridículo. mas tem-se que voltar às origens (das palavras, das coisas, tudo, enfim...). hã?

3 de nov. de 2008


(blog que, na verdade, achei aqui)

22 de out. de 2008

é fantástico
os animais são tão bem cuidados e protegidos aqui no centro de sumpaulo que, ultimamente, tenho visto várias bocas-de-lobo pelas sarjetas sem aquela grade que elas costumam ter. tipo, um buracão retangular.
é que os ratos estão todos muito bem-alimentados e, pobrezinhos, talvez os gorduchos não estivessem conseguindo ter acesso às ruas e calçadas com aquelas grades tão estreitas.
agora eles podem andar livremente por aí, pela minha, pela tua, pela nossa calçada.
e, cuidado, você, pra não quebrar o pé _ou a perna_ ao pisar num bueiro destampado. mas pense assim: ao menos os ratuchos podem ir e voltar de suas tocas com mais civilidade. só não se distraia pensando nisso.

17 de out. de 2008


'the kiss', gerald laing

16 de out. de 2008

quando pequeno _hoje menos_ eu adorava sentar no banco da frente nas viagens às cidades "grandes" _ou, ao menos, maiores do que a cidade de onde eu vinha.
poder ver, do amplo vidro frontal do carro, as grandes construções e praças e vias e, em especial, o topo de todos os prédios, era algo bom: proporcionava uma sensação de absorção total de tudo aquilo que os meus olhos viam. uma sensação de sensação. da janela aberta eu esticava a cabeça _ainda o faço_ para ver quão alto chegavam aqueles edifícios. ainda o faço. é como olhar do topo de um prédio do lado oposto. uma vertigem ao contrário. que alto!!
imagina só em nova york.
ainda hoje, e ainda que eu more em são paulo, onde os vidros dos carros são cada vez mais negros e cada vez mais cerrados, eu preciso te-los um pouco abertos, um pouquinho só, que seja. em casa também. janelas abertas. um indício de claustrofobia, talvez. mas também um indício de saúde, creio eu. arejar pra pensar. ventilar pra refrescar. pra não mofar. pra não cozinhar. afinal, somos tropicais.
janelas abertas nº 2: preciso de ar. preciso de campo de visão. luz. ver até onde vai a altura, pra me imaginar pulando _voando. ou, ao contrário, estando lá em cima: pra me imaginar saltando, caindo. vertigens mistas. e pra provar mentalmente que qualquer decisão dos meus atos é mais minha do que de qualquer pensamento, desejo, imagem, loucura. e que os pensamentos vão mais longe, deliram, voam, viajam. e transcendem o possível.
hahahaha
parece papo de suicida em potencial. mas nem é.

"I imagine what my body would sound like
Slamming against those rocks
When it lands
Will my eyes
Be closed or open?"
björk, 'hyperballad'

14 de out. de 2008


a capa da Vogue America de julho de 1932

13 de out. de 2008


gosto desse pôster. gosto do filme também, com sua (aparente) liberdade sexual e boas canções pop, cheias de referências musicais pop e, em especial, à música pop francesa.
gosto de louis garrel, da ludivine, da chiara mastroianni. gosto da aparente despretensiosidade do filme, com seus apartamentos parisienses propositalmente pequenos e simples, seus personagens aparentemente 'normais'... no fim, parece, sim, que ficou faltando algo. que as atitudes do personagem principal são meio vazias de sentido, meio idiotas (tipo: por que ele faz isso?).
meio frio, talvez.
mas é um musical. e as músicas compensam. a língua, as roupas, os cenários também; esses franceses de merda sabem ser charmosos.

11 de out. de 2008



Hundertwasser, 'The Rain Falls Far From Us'

'Carnation Lily, Lily Rose', John Singer-Sargent
Esse pintor americano era tão bom como retratista porque, quando você vê os quadros de longe, tem a impressão de que são fotos maravilhosas, sempre com uma luz incrível e cores aparentemente alteradas, quase que de uma forma tecnológica, como que manipuladas.
Aí, quando você chega perto, percebe que pinceladas rápidas e irregulares formam, como numa mágica incompreensível e chocante, as figuras perfeitas dos retratados. Tipo, de perto você não vê o todo, dada a (falsa) imprecisão de cada pincelada. Mas cada rápido toque do pincel era genialmente pensado para fazer aquela fotografia absurda, à base de tinta óleo.
Esse belo quadro acima tá na Tate Gallery, em Londres. Mas tem outras coisas dele também.

8 de out. de 2008

(logo acima, Julie Andrews como Victor, em "Victor ou Victoria", de Blake Edwards) Assisti a esse filme anteontem, e foi, digamos assim afrancesadamente, formidable. Cheio de piadas e referências gays (e cheio de travestis, algo difícil em filmes hollywoodyanos), sem nunca cair na tentação fácil da escrotice. Ou do preconceito. Julie Andrews é fantástica, mas, lembrando bem, a mulher já tinha sido a Mary Poppins e a Noviça Rebelde. Tipo, já era lenda viva. O diretor é o mesmo da série de filmes 'A Pantera Cor de Rosa', e o humor nonsense daqueles longas _e, é claro, típico do Jerry Lewis_ aparece aqui. A música, incrível, é de Henry Mancini, e Julie Andrews canta muito, muito bem. E dança. E o Robert Preston, que faz o personagem Toddy ("não existe nada mais inconveniente do que uma bicha velha com gripe!" hahahaha), é fabuloso. Assim como a irritante pin up Norma, incorporada por uma Lesley Ann Warren oxigenada.
Mas em nenhum momento eu consegui achar que Julie/Victoria fosse _ou parecesse_ um homem. Sorry. Pra mim foi sempre Victoria.

7 de out. de 2008

sonhos sonhos são
mas não só isso
essa noite sonhei que morava em uma casa e recebia várias visitas. daquelas que vêm pra passar alguns dias. a maioria era parente: irmã, mãe, primos. tinha amigos também. e amigos desses amigos, ou parentes dos mesmos. estranho.
pessoas pulavam o muro.
brigas (eu sempre brigo nos sonhos). na última briga, minha irmã jogava cerveja no meu cabelo. e eu retribuía jogando água, e depois despejando toda uma garrafa de cerveja nela (que, depois dos primeiros _assustados_ jorros, se rendia e passava a dançar sob os jatos de cerveja, tipo 'garota camiseta molhada'; e isso me deixava mais puto ainda).
nos meus sonhos já briguei com amigos, parentes, pessoas-objeto de desejo, comigo mesmo...
eu libero minhas paranóias e tensões nesses sonhos, pelejando com as pessoas de quem gosto. freud explicaria melhor, eu resumo assim: o subconsciente libera todos os pensamentos raivosos e rebelados que tenho ao longo do dia nesses sonhos. i've got problems. porque, num momento banal como o lavar das louças, eu fico maquinando e mancomunando pensamentos revoltosos sobre situações com amigos ou familiares vividas num passado recente. eu fico me rebelando em pensamento e imaginando frases de efeito ofensivas que poderiam ser usadas em hipotéticas brigas e discussões _e que, graças à minha porção mínima de sensatez, não acontecem.

eu sou louco. eu estou ficando louco. eu estou louco. alguma das três alternativas. tenho dito isso aos amigos (uma delas, a cada vez).

no fundo, ainda bem que não sou 'normal'. talvez seja menos fácil, mas é bem mais interessante (não estou certo disso, porém).

5 de out. de 2008


devendra banhart, eua